Ainda menosprezado por muitos e longe dos hábitos alimentares da maioria, este ingrediente alimentar, que melhora a digestão, também é recomendado no tratamento de úlceras gástricas. Para além disso, reforça o sistema imunitário e impede o crescimento de tecido fibroso após as cirurgias.
O espargo-comum, batizado pelos cientistas Asparagus officinalis, é muito utilizado na culinária global, ainda que continue afastado da mesa de muitos portugueses. A nível terapêutico, equipara-se ao espargo-selvagem, o Asparagus racemosus, que é da mesma família, a das Asparagaceae. Conhecido e consumido desde o tempo dos gregos, dos romanos e dos indianos, cresce espontaneamente em várias regiões do nosso país, ainda que poucas o integrem nas suas especialidades gastronómicas mais típicas.
O espargo faz (muito) bem. Numa investigação científica realizada na Universidade de Medicina de Bombaim, na Índia, confirmou-se uma ação nas dispepsias equivalente à da metoclopramida, um fármaco prescrito para combater os enjoos e as náuseas causados pelos tratamentos de quimioterapia. O tempo de esvaziamento gástrico, que era de 159 minutos em média, foi reduzido para 101 nos grupos que ingeriam espargos, confirmou também outro estudo, divulgado pelo Journal of Postgraduated Medicine.
Ao longo das últimas décadas, vários trabalhos de investigação realizados em vários países demonstraram ainda uma ação estimulante do espargo sobre o sistema imunitário, atuando na candidíase e na estimulação da medula óssea, impedindo o crescimento de tecido fibroso após as cirurgias. Em termos de princípios ativos, contém, a par da asparagina, uma substância diurética e calmante, clorofila, um antioxidante. Também encontramos neste alimento saponinas, substâncias com ação supressora das contrações uterinas.
A importância de os ferver durante um minuto
Este vegetal é rico em aminoácidos e em minerais como o potássio, o fósforo e o cálcio, que são responsáveis pelas suas propriedades regeneradoras e nutritivas. O espargo também auxilia a digestão e está ainda indicado no tratamento de dispepsias e de úlceras gástricas e também de regurgitação. Estimula a lactação em mulheres a amamentar. Também se usa nas dismenorreias e nos problemas da menopausa, principalmente como refrescante no caso dos afrontamentos. E aumenta a fertilidade em ambos os sexos.
A raiz do espargo aplica-se na obstipação, estimulando o peristaltismo. Também é usado como diurético. É ainda desintoxicante e hepatoprotetor. Tem a ação de um tónico cardíaco, reduzindo as palpitações. É utilizado na hipertrofia ventricular esquerda. Calmante, é aconselhado em regimes de emagrecimento e também para tratar a anemia e diabetes. Como alimento, colha os caules frescos e coza-os ou cozinhe-os a vapor. Em chá, use 50 gramas de espargos para um litro de água e deixe 15 minutos em infusão.
Algumas pessoas podem ser alérgicas aos espargos, principalmente se forem consumidos crus, pelo que deve sempre cozinhá-los ou, pelo menos, fervê-los, em água temperada de sal, durante um minuto. Uma das melhores formas de os saborear é numa salada, preparada com uma dezena de espargos cozidos ou salteados. Junte salsa picada com alho, vinagre balsâmico e azeite e misture bem. Salteie, depois, cogumelos laminados, tempere com um pouco de açafrão-da-índia, adicione aos espargos e delicie-se.
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