A garantia é dada por David Mountain, autor de "Os erros da história", um dos novos lançamentos da editora Alma dos Livros. Segundo o escritor, conferencista e editor britânico, o navegador nem sequer foi o primeiro europeu a pôr os pés no continente que lhe deu fama. Pré-publicação exclusiva.
É um dos muitos equívocos que persistem até hoje e que David Mountain pretende, por fim, esclarecer em "Os erros da história", um dos novos lançamentos da editora Alma dos Livros, à venda a partir de dia 19. Afinal, não foi Cristóvão Colombo que, a serviço da coroa espanhola, descobriu a América a 12 de outubro de 1492 quando pretendia chegar à Índia pelo oceano Atlântico. O marinheiro Juan Rodríguez Bermeo foi o primeiro a avistá-la às primeiras horas da noite mas só na manhã seguinte é que o navegador genovês a visitaria.
"Cristóvão Colombo tinha acabado de chegar ao Novo Mundo. Mas certamente não o tinha descoberto. Além do facto óbvio de as Américas já serem habitadas por cerca de 50 milhões de indígenas, sabemos agora que Colombo não foi sequer o primeiro europeu a pôr os pés na América. No entanto, seria a sua história, com todos os seus erros e derramamento de sangue, que viria a ser celebrada como a descoberta da América", escreve o escritor, conferencista e editor, residente em Edimburgo, na Escócia, no capítulo que lhe dedica.
"É uma decisão que está a tornar-se cada vez mais controversa à medida que os historiadores trazem à luz os pormenores das façanhas de Colombo no Novo Mundo. Pormenores que estão a suscitar cada vez mais pedidos para que o seu lugar
proeminente na história dos EUA seja reavaliado", refere. "Poucas figuras da história são mais sedutoras a um iconoclasta do que Cristóvão Colombo. O homem viu-se tão envolvido em mentiras e lendas, muitas resultado da sua própria incansável autopromoção", critica.
"Praticamente todas as crenças amplamente difundidas sobre o explorador estão erradas de alguma forma", assegura David Mountain. "Não descobriu a América. Nunca sequer pôs os pés no território dos atuais Estados Unidos da América, o país onde é mais celebrado. E não provou que o mundo era redondo. Na verdade, como veremos, talvez tenha sido o último europeu educado, até um ressurgimento do terraplanismo no século XIX, a argumentar que não era redondo. Nem sequer se chamava Cristóvão Colombo", alerta.
Filho de um tecelão, profissão que chegou a ter durante um breve período, Cristoforo Colombo nasceu em Génova, em Itália, em 1451. Como muitas figuras famosas do período renascentista, hoje é mais (re)conhecido pelo seu nome latino. "Pouco se sabe sobre os seus primeiros anos, e o próprio Colombo raramente os discute. A modesta educação assombrou-o a vida inteira, e o desejo de adquirir riqueza e estatuto foi a principal motivação para quase tudo o que iria fazer", assegura o escritor em "Os erros da história".
"Depois de um breve e insatisfatório período a trabalhar como tecelão, como o pai, Colombo aproveitou a oportunidade para se tornar marinheiro mercante. Isto permitiu-lhe ver grande parte do mundo", explica David Mountain. A grande ambição e os conhecimentos técnicos de que foi adquirindo nas muitas viagens e nos trabalhos de livreiro e cartógrafo que teve entre elas deixaram-no com a vontade de se envolver nas descobertas marítimas, procurando chegar à Índia através do oceano que melhor dominava.
"Seria mais rápido e mais simples do que viajar por terra ou navegar por África. As expedições atlânticas não foram, como Colombo mais tarde tentou fazer, um novo empreendimento ousado de conceção sua", assegura, todavia, o autor do novo livro. "Ninguém antes havia sugerido tal plano", garante. Apesar de não ter concretizado o objetivo inicial, o explorador italiano chegaria às Antilhas e ao Golfo do México, na América Central, convertendo-se num dos grandes heróis da epopeia das descobertas marítimas.
Numa altura em que David Mountain questiona publicamente figuras, povos e episódios controversos em "Os erros da história", surge também em Portugal "Descobrimentos e outras ideias politicamente incorrectas", um livro do historiador João Pedro Marques. Publicada pela editora Guerra & Paz, esta obra chega às livrarias no próximo dia 24 para combater a visão demagógica do revisionismo histórico atualmente em voga em vários países. Se se interessa por estes temas, não pode deixar de ler estes dois livros este ano.
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